terça-feira, 3 de agosto de 2010

Confissão



"... Tomamos os pequeno-almoço na sala de estar (que, no rescaldo da festa, parecia uma zona de guerra), na mesa onde os meus pais se sentavam um diante do outro há mais de trinta anos. Aqui podem ver uma réplica exacta do pão que fui comprar à mercearia do outro lado da rua. A sua função é sentimental, mas também documental - recordar que, durante meio século, milhões de habitantes de Istambul não comeram nenhum outro tipo de pão (embora o peso pudesse variar) e também que a vida é uma série de actos que se repetem, e que mais tarde relegamos - sem misericódia - para o esquecimento. ..."

Pamuk, Orhan (2008). O Museu da Inocência. Trad. Miguel Romeira, 1º Edição(2010), Editorial Presença.Lisboa.

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