segunda-feira, 3 de março de 2008

O que (não) deve comprar para este verão



Não, não é mais um par de havaianas que não deve comprar este verão. Aliás se ainda não tem uma par delas em todas as cores, se ainda não calçou pares de cores diferentes, se ainda não comprou um par com a base numa cor e cada uma das tiras em cores diferentes, está na hora de fazê-lo!

Eu, este ano, assim que surgir alguma banca delas costumisáveis, vou ter umas com as bases brancas, tira esquerda verde e tira direita vermelha. Tipo Gucci ou Dolce & Gabbana dirão vocês!

Não, nada disso rapazes, quero ter umas havaianas em verde branco e vermelho, exactamente pela mesma razão, que a Gucci e a DG. usam o vermelho e o verde: as cores da bandeira italiana. E porquê a bandeira Italiana? Bem, isso já não é temática para o post.

Voltando então ao que não deve comprar este verão, preste bem atenção, o que absolutamente não deve comprar este verão, são uns chinelos tipo havaianas, Gucci ou Dolce & Gabbana ou Dsquared, ou Prada, ou seja de que marca forem, porque todos eles são apenas uma coisa, uma IMITAÇÃO das verdadeiras havaianas.

Devem pensar que estou doente, ou que o sol que fez o fim-de-semana, depois das últimas semanas nojentas de chuva, me afectou o miolo.

Eu, reparem bem, eu, I. me and my self, a dizer que não devem comprar uma peça que seja Gucci, Dsquared, Prada ou Dolce & Gabbana. Pois é, mas tratando-se de imitações de havaianas não devem mesmo. Todos os modelos que estas marcas têm nas suas colecções (o ano passado também já tinham), a preços ridiculamente exorbitantes, são apenas más imitações do original.

Há objectos que são aquilo que são, e são óptimos por isso mesmo, e as havaianas são um deles. Por isso se achar aquelas havaianas da Dsquared lindas, não caia na possidonice de as comprar.

Se tiver que resistir, resista! Compre quatro velas Dyptique e vá-as acender à igreja de Santo António de Lisboa ali á Sé, ou sei lá, compre uma T. Shirt Dsquared e vá a acorrer ofereça-la ao seu amigo que pior gosto tem para T. shirts e logo de seguida leve-o a lanchar ao Café Royal com o dinheiro que sobrar: Compre tudo o que quiser, mas por amor, de deus da santa ou seja do que for, não compre nenhuma imitação de havaianas.

Adoro design e adoro moda e por isso nunca me passou pela cabeça, comprar uma contrafacção, por mais perfeita que fosse. Que me interessa que pareça verdadeira e os outros pensem que o é, se eu sei que é falsa?

No filme “Todo Sobre mi Madre”, uma das minhas cenas preferidas é quando a Agrado, veste um tailleur Chanel fake e a Manuela lhe pergunta se é verdadeiro, ao que ela prontamente responde qualquer coisa como isto, cito de memória: “achas que eu ia gastar um milhão de pesetas, quando há tanta gente a morrer de fome? A única coisa autêntica que tenho são os sentimentos”.

Esta frase deixou-me primeiro comovido e logo depois de rastos, de tal forma que sai do cinema, com a ideia fixa na cabeça, que tinha que ir a correr comprar uma imitação de qualquer coisinha, por mais pequenina que fosse, que precisava de ter a coragem de ser capaz de usar qualquer coisa autenticamente fake.

Um dia em Florença, enquanto passeava romanticamente com o meu mais que tudo, veio-me à ideia, comprar um descaradamente fake Gucci. Em Florença as imitações são em verdadeiro cabedal, de uma perfeição direi quase absoluta e pululam pelas ruas como fungos. Não era no entanto tarefa fácil, identificar algo assumidamente fake, e negociar com o vendedor, porque estes, abriam a mercadoria na rua não mais que 10’, para logo de seguida fugirem à frente de qualquer polícia que aparecesse.

Quando finalmente consegui apontar para um maravilhoso cinto prateado em cabedal Gucissima, que gritava FAKE e comecei a negociar o preço, deu-me uma tal angústia, que agarrei rapidamente na mão do meu namorado e afastei-me dali rapidamente, com a fantasia destruída, de um dia alguém me poder vir a perguntar: “ é fake?” e eu prontamente responder: “claro! A única coisa autêntica que tenho são os sentimentos”.

Mas como felizmente até agora, nunca desisti de realizar as minhas fantasias, passei a integrar no meu guarda roupa, algumas peças autenticamente fake. Eu explico, não sei se já repararam, mas as próprias marcas, foram influenciadas pelo conceito do fake, e de algumas estações para cá, é verdade que numas mais que outras, surgem sempre peças, que parodiam, ou utilizam com humor, se quisermos ser mais politicamente correctos, a própria marca.

Querem exemplos? Os padrões com logo da marca repetido e aplicado a tudo, não é mais que isso, bem como o uso dos logos da marca tamanho XXL. Assim passei a ter, para os meus dias de humor mais retorcido, algumas peças verdadeiras, de indiscutível mau gosto, e que sei que geram nos outros a forte desconfiança que sejam fake.

Mas, voltando ao assunto inicial, comprar imitações de havaianas na Gucci, na Dsquared na Dolce & Gabbana ou seja lá onde for, não vale, nem entra neste jogo, porque por mais pirosas ou até bonitas que sejam, nunca serão autênticas como as originais.





Crédito de imagens: Reprodução/ Internet

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