O RL mandou-me isto
“... HAL9000, um grupo italiano especializado em restauro e preservação de obras de arte, colocou na Net uma gigantesca imagem de 8,6 gigapixels de um fresco italiano de 1513, existente na Igreja de Santa Maria delle Grazie, em Varalli Sesia, na Itália, da autoria de Gaudenzio Ferrarri,um dos grandes mestres do Renascimento. O grupo afirma ser a maior fotografia de alta resolução do mundo... .”
O site permite-nos de forma interactiva percorrer as obras, aumentando a imagem até aos 100%. O resultado é surpreendente.
Para além do fresco de Gaudêncio Ferrarri também podem ver um de Andrea Pozzo e ainda meter o nariz em cima da L’Ultima Cena. Literalmente meter o nariz em cima e aperceberem-se como a pintura (não é um fresco, porque Leonardo usou óleo) é ENORME, o que nos leva a questionar, como raio é que Leonardo conseguiu desenhar e pintar figuras, daquelas dimensões enormes de forma tão proporcional?
Nunca mais esquecerei, a surpresa e comoção que senti, quando vi L’Ultima Cena. A primeira reacção é de total surpresa pela sua imensidão. Enquanto uma porta de vidro se fechava atrás de mim e outra permanecia encerrada na minha frente (tem uma antecâmara onde o grupo restrito de visitantes tem que permanecer alguns minutos antes de entrar, para que a temperatura da sala se mantenha rigorosamente constante) o BF perguntou-me “de que tamanho a imaginas?” e eu, influenciado pelos Leonardos que já tinha visto respondi: “pequena”.
- Sim mas pequena de que tamanho?
- Sei lá, um metro, metro e pouco. Quanto?
- Vai ver, vai ver!
Ele sorriu e eu devo ter ficado estarrecido, porque entretanto a porta de vidro abriu-se e deparei-me com os quase imensos 9 metros, que nos obrigam a ir até ao fundo da sala, para que o olhar, consiga abarcar toda a composição.
Foram 15 minutos, cada grupo apenas pode permanecer na sala rigorosamente 15 minutos, suspensos no tempo, frente á fragilidade absoluta, fragilidade que olhos e olhos foram vendo ao longo de mais de cinco séculos (foi pintada ente 1495-1497), olhos de Homens e Homens que já desapareceram e, ela continua ali, imensa, na sua enorme fragilidade.
Vem-nos à memória a pergunta, como foi possível, chegar até mim? Como foi possível ter resistido? O Cenáculo serviu, já com ela, de estábulo e como se não bastasse, foi bombardeado durante a Segunda Guerra e aquela parede, precisamente aquela parede, resistiu, porque lhe colocaram em frente como protecção sacos de areia.
Foram 15 minutos que recebi de presente do meu mais que tudo, 15 minutos em que lado a lado, ombro com ombro, mergulhamos e perdemos o olhar numa das pinturas, que até hoje, melhor conseguiu representar a imensa solidão humana.
Bom, navegar entre não sei quantos gigapixels, talvez não seja a mesma coisa que ir ao Cenáculo, mas Vá, vão lá, meter o nariz e percam-se na imensa fragilidade das cores.
Obrigado R.L. pela informação acerca do site.
terça-feira, 4 de março de 2008
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