sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Martin Margiela




Deste sempre, que o Martin Margiela, apresenta as colecções masculinas da mesma forma. A imprensa é convocada, os modelos são apresentados em plano estático e os fotógrafos são convidados a fazerem uma interpretação pessoal do que lhes é mostrado.

Um dos elementos fetiche do Margiela é um traço negro sobre os olhos, exactamente igual e com o mesmo objectivo, do traço que se faz nas fotografias, sobre os olhos de uma pessoa, quando queremos que essa pessoa não seja identificada. O traço sobre os olhos dos modelos que apresentam as colecções masculinas, pretende isso mesmo, anular a parte identificável do modelo, que na realidade é apenas um suporte para mostrar as roupas.

A realidade pode ser muito dura, mas a verdade é que os modelos não são mais que cabides para roupa, e se são “cabides” que correspondem a um certo ideal de beleza e têm determinadas medidas standart, isto é apenas para que o consumidor, que na maioria parte dos casos, não tem pouco mais ou menos as medidas dos cabides (modelos), fique com a ideia que o uso daquelas roupas, lhe pode dar uma aparência semelhante.

O mecanismo é muito simplista, mas é dele que vive a moda. Mas se é da venda de sonhos que vive a moda, é com sonhos que conseguimos viver. Uns mais cinzentos, minimalistas e por vezes até realistas ,outros mais prateados, doirados e barrocos, mas, todos eles sonhos.

Tudo isto para dizer que o melhor modelo de óculos de sol que vi para a próxima estação, são os do Margiela e que mais não são que a concretização espelhada, do traço negro sobre os olhos dos manequins, que os despersonaliza e de certa forma torna incógnitos. E não é isso mesmo que pretendemos quando usamos uns óculos de sol, tornar-nos, ou pelo menos tornar o olhar, incógnitos?

Está bem, está bem, também usamos óculos de sol por protecção solar, mas contem-me histórias!!!!

Crédito de imagens: Reprodução/ Internet

Sem comentários: