terça-feira, 14 de setembro de 2010

Mykonos #5





Sendo sincero, os dados de partida acerca de Mykonos, se não fosse a sua conhecida bixice (que nem é assim lá muita), serviriam mais para me afastar e bazar, que por lá me quedar em preciosos dias de férias. O engraçado é que gostei e até saí com a ideia, que em Mykonos, nem tudo está irremediavelmente perdido.



7.000 Habitantes permanentes, hordas e hordas de turistas entre Junho e Setembro, preços elevadíssimos, cartão postal bonitinho e repintado para turista. Sim! Mykonos é isso tudo e muitas outras coisas ainda piores, mas espero lá voltar.



Se o primeiro contacto que estabeleço com os locais costuma contaminar-me todas as percepções posteriores, em Mykonos foi fundamental. No final do verão, a ilha é um monte de pedras e terra seca rodeado do azul infinito do mediterrâneo. Depois há, literalmente, o labirinto branco da cidade (Chora) e o céu e as pedras e o mar e depois outra vez o céu, as pedras e o mar. Tudo o resto pode ser acessório desde que se vá na mood certa e aqui podem começar os grandes equívocos: Mykonos não é para fazer turismo gay (pelo menos para os meus gostos estéticos), não é para fazer clubbing, não é para fazer turismo cultural, é apenas para alugar uma scooter e ter o prazer de guiar (sem capacete) até uma praia com águas cristalinas e por lá ficar a deixar escorrer o tempo e a areia por entre os dedos dos pés.



As coisas muito más:

- Os preços elevadíssimos de tudo, que em alguns casos roçam o roubo. Por exemplo pagar 3€ por um café e 5€ por uma garrafa de água numa tasca é puro assalto a turista. Uma refeição num restaurante de gama média ronda os 30€ e na gama média alta começa nos 50€.

- Os restaurantes de fast food transvestidos em coisa típica.

- As lojas de souvenirs.

- Os locais gay de Mikonos, que são proporcionalmente pirosos à sua popularidade.

- Os turistas e em especial os gay, que são tendencialmente feios, (muito) mal vestidos (apesar da roupa de marca), cheira-me que muitos deles armariados quando não em Mikonos, pouco cosmopolitas e na sua maioria antipáticos.

- A má qualidade de serviço (atendimento) na maior parte dos locais.


As coisas boas

- A alma de Mykonos que ainda não se desvaneceu completamente e que ainda por lá se consegue encontrar, dependendo da correcta combinação entre as variáveis: luz, mar, céu, terra pedra e cal.

- A grande maioria dos gajos gregos, supostamente hetero, que por lá passam férias e alguns dos gajos gregos, supostamente hetero, que por lá trabalham durante o verão.

- A Praia Elia.








Prepare-se no entanto para ter que reservar por 12€ e de véspera, um chapéu de sol e duas espreguiçadeiras na zona gay mais afastada da praia (onde não se ouve música), na primeira linha do mar e onde apenas se é incomodado por quem vai fazer cruising para as rochas. Mas não se preocupe que os cruisers não deverão incomodar-lhe o descanso interferindo com os seus sentidos. A praia dos VIPs ou com aspirações a sê-lo é a Psarou, mas tem excesso de lotação, não obstante os 30€ cobrados pelo set de chapéu-de-sol e duas espreguiçadeiras. Totalmente desagradável e a evitar, a não ser que queira ficar com o nariz em cima dos sovacos do Jean Paul Gaultier.


- O preço baixissimo que custa alugar uma scooter.



- A baixíssima densidade de construção urbana.

- Algumas peças de ourivesaria em ouro, prata e cabedal ou borracha e até joias de cabedal e algodão que se vendem nas ruas.

- Os pratos de polvo ou lulas gigantes grelhadas.

- As centenas de pequenas igrejas ortodoxas, abertas na sua maioria até muito depois da meia-noite.

- A ilha de Delos mesmo em frente.

- Perder-se inevitavelmente no labirinto branco que é a cidade.



- A limpeza imaculada de todas as ruas da cidade, de todas as construções humanas, de todos os caminhos e recantos da ilha.

Ah, e se for, não vá sózinho, leve o namorado, para namorar claro! Também pode levar bons livros.

3 comentários:

Thiago Lasco disse...

Mas levar o namorado para Mykonos não seria como "levar o bolo para a festa"?

poor guy fashion victim disse...

Cara, em Mykonos, todo o bolo que não conste na ementa de restaurante de chef, é duro e já passou da validade. Nem vale a pena olhar.

Mykonos só é bom para isso mesmo: NAMORAR

Bruno disse...

Depois de ler a primeira parte do post conclui ... bem para mim Mikonos já era. Mas depois com as coisas boas que enumeraste fiquei interessado por outros motivos.

Para o ano vou para Mikonos e levo o namorado!

Obrigado