segunda-feira, 28 de junho de 2010

Spring Summer 2011

Algumas conclusões, muito a priori, acerca das colecções de Milano e Paris. Verdade seja dita, feitas após visionamentos desatentos das colecções e sem grande paciência para grandes buscas na rede.

Enquanto os criadores presentes em Milão lidaram com a crise, apresentando colecções mais comerciais que o habitual, o que não é de todo necessariamente mau, os parisienses deixaram-se embrenhar no espírito da dita. Resultado: em Milano tivemos colecções comerciais e vestíveis, optimistas e pragmáticas, centradas no cliente e no sistema daquilo que é a moda em todas as suas vertentes.

Em Paris as colecções mais pareceram reflectir o estado de espírito do criador e a sua visão pessoal do mundo, que o resultado de um trabalho de equipa e estratégia de uma empresa. Veja-se o exemplo da Dior Homme e de Kris Van Asche, em que a segunda mais parece a linha comercial da primeira, por contraponto à linha Dolce & Gabbana vs D&G, que cada vez mais assumem identidades próprias e autónomas.

Em Milão os músculos voltaram em força mais a ditadura dos six pack. Em Paris os rapazinhos foram ao gym, mas ainda se vê muitos sócios do clube do vómito.
Em Paris a figura do criador é central, em Milão o resultado parece advir de uma máquina bem oleada de produção. Compare-se Burberry, com o cunho indiscutível de Christopher Bailey mas ADN inquestionável da marca, a Givenchy que desapareceu totalmente sob a visão de Riccardo Tisci.

Em Milão sentiu-se uma reacção à crise, em Paris, à boa maneira romântica e diletante, o espírito da crise serviu para os mais diversos exercícios formais de estilo.

Apesar de ainda faltar ver o que nos chega de NY, alguns denominadores comuns podemos no entanto encontrar quer em Paris quer em Milano.

I) Sandálias, sandálias e mais sandálias. Se por comparação a sapatos, a redução da matéria-prima for proporcional ao preço, talvez eu venha a aderir ao dedo ao léu.

II)Sapatos sem atacadores. Gosto, gosto muito e adoro, mesmo sem a redução do preço que a poupança nos atacadores deveria implicar.

III) O blazer é peça obrigatória, seja ele cintado, largueirão, curto ou comprido. Os assertoados voltaram em força, mas tirando os já carecas de velhinhos do Tom Ford e alguns igualmente velhinhos da Prada, mais nenhum me consegue convencer.

IV) Calções, shorts, calções e mais shorts, de preferência conjugados com blazer, camisa, gravata, meias e sapatos (ou sapatos sem meias). Já desde 1988 que ADORO.

V)Branco integral (com excepção dos sapatos que deverão ser sempre de outra cor). Terei que habituar-me à ideia que uma bixa com estilo pode usar calças brancas. Os hetero sempre puderam. É verdade que maioria fica com um ar de parolo do pior, mas como são hetero isso até lhes dá graça, o que nalguns casos até é directamente convertível em capital tesudal.

VI) Preto e branco ou branco e preto e lá voltamos nós à década de 80.

VII) Tons neutros à Armani também foram mato e lá voltamos outra vez década de 80.

E pronto, como já tive muitas reclamações que o blog andava muito parado, lá arranjei janela de tempo para fazer este post, mas caso queiram ver as ilustrações do que escrevo, terão que voltar num outro dia.

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