sexta-feira, 6 de março de 2009

XXL Uncensored



Nem a propósito, pouco mais de uma semana depois da intelligentsia deste país se ter escandalizado por os senhores agentes da autoridade, não conhecerem a diferença entre arte e pornografia, e que coitados nem sequer terem sido capazes de reconhecer um quadro do Gustave Courbet (que até já está pendurado num museu e tudo), soube que a muito recomendável Taschen, lançou um novo livro do Tom Of Finland, reunindo mais de 1000 desenhos, entre os quais o ali de cima e mais estes que se seguem.





(fotos via Taschen)

Espero que todas as vozes zangadas que se levantaram escandalizadas a favor da arte, vão a correr comprar o novo livro “Tom of Finland XXL” e o coloquem em cima da coffee table lá de casa e comecem a perceber que a idiotice da catalogação arte versus pornografia, é por si mesmo a negação do que pode ser arte.



O livro “Tom of FinlandXXL” já está disponível para compra na Taschen.

Depois de Tom of Finlad, sugiro como deleite para o olhar, as magnificas fotos de Joe Oppedisano, que para além do magnífico Testosterone, acaba também de lançar um novo livro o Uncensored ;))



O livro, para além do site do artista, pode ser comprado na Amazon.fr. Presumo que igualmente na Amazon. com e na Amazon.co.uk, mas na fr é onde sai mais barato, já que na Amazon.com arriscam-se a ter que pagar as taxas alfandegárias e na Amazon.co.uk têm que pagar a taxa do cartão de crédito relativa a compra fora da zona euro. Vá, digam que não estou a ser simpático!



O mesmo para o magnifico Testosterone. Sim eu sei que já aqui mostrei esta foto, mas o que querem, gosto mesmo dela, tal como de todas as outras deste livro.

Se acharem as sugestões "arte moderna" em demasia, ou quiçá até pornografia, sugiro uma boa publicação acerca dos frescos de Pompeia ou então os de Miguel Angelo da Capela Sistina, sem os véus que um certo CEO do Vaticano que também acreditava na diferença entre arte e pornografia mandou pintar. Não sugiro, Francesco Scavullo, David Hockney, Robert Mapplethorpe, George Platt Lynes, Bob Mizerc, Herbet List, The Ritter Brothers, Pierre et Gilles entre muitos outros, porque são todos do sec. XX.

6 comentários:

Luis Royal disse...

caro poor guy,
discordamos do seu enquadramento: a arte também pode ser pornografia, e a pintura de courbet é-o.
o modo como a censura foi feita poderia ter sido de outra maneira, é certo. mas concordamos que aquele tipo de imagem não tem que que estar ao alcance de qualquer transeunte que se passeie numa livraria e os editores deveriam ter tido essa consciência.
o melhor é que o livro já deve ter esgotado.
cumprimentos,
r.

Zunkruft disse...

Caro Luís, esconder a pornografia - enquanto sub-campo artístico - na prateleira lá do fundo de casa ou da loja para que ninguém a veja é uma hipocrisia: subtil e disfarçada de moralidade, mas é.
Quem não quiser que a sua susceptibilidade fique ferida tem bom remédio: tranque-se em casa, feche as cortinas e não ligue a televisão - é lá, nas notícias, que a verdadeira pornografia e obscenidade existemm.

A educação artística também existe - até mesmo para com os mais susceptíveis, apenas não é praticada por cá.

Cumprimentos

Luis Royal disse...

caro zunkruft,
não confundamos disponível com vísivel.
a pornografia tem toda a legitimidade para quem a quiser ver.
e nem vamos tão longe: há imagens que não são consideradas pornografia, alguma delas belíssimas e que coleccionamos em livros e revistas cá em casa, e cuja exposição também achamos desnecessária.
claro que falamos de exposição totalmente pública, em locais onde qualquer pessoa passa ou escolhe ir sem contar ser defrontado com imagens que podem ferir-lhe a susceptibilidade.
a isso chamamos liberdade, lembrando-nos do chavão: a nossa acaba onde começa a dos outros.
não nos consideramos com falta de educação artística, o que não nos impede de ter opinião contrária.
também sabemos que o há, mas a pobreza de espírito não nos interessa. embora mesmo para com esse devamos ter o mesmo respeito.
bem haja.

poor guy fashion victim disse...

Caro Luís,

Em nenhum momento escrevi que pornografia e arte seriam coisas antagónicas. Se reparar escrevi mesmo: "Espero que todas as vozes zangadas que se levantaram escandalizadas a favor da arte, vão a correr comprar o novo livro “Tom of Finland XXL” e o coloquem em cima da coffee table lá de casa e comecem a perceber que a idiotice da catalogação arte versus pornografia, é por si mesmo a negação do que pode ser arte"

É que para mim uma das caracteristícas que ainda me vão servindo para usufruir arte é a beleza dos artefactos e por acaso até encontro assiduamente beleza em muita boa pornografia.
E não me está apetecer aqui definir beleza, fica a informação que a do Humberto Eco na História da Beleza me serve perfeiutamente.

A grande questão em debatermos se é legitimo ou não mostrar nudez, ou imagens ligadas ao sexo, reside precisamente na ligação belo-bom e sexo-mau

abraço

Luis Royal disse...

ah ah!
eis o problema: a definição de eco não nos serve. é por isso. ;)
arte é arte e beleza são outras coisas.
estamos no século XXI.
mas a discussão não era essa.
obrigado.

poor guy fashion victim disse...

Caro Luís,

Fiquei sem perceber o que não lhe serve, se a opção metodológica do Eco em utilizar obras de arte enquanto documentos para estudar a história da beleza, se a operacionalização que é feita de beleza, se outra coisa qualquer.

Note no entanto que o Eco não faz nem uma história da arte, nem define o que é arte, nem em momento alguma diz que arte é sinónimo de beleza, mas apenas que algumas obras de arte são documentos nos dão pistas acerca da ideia que determinado conjunto de pessoas, têm da beleza num determinado periódo da história.

Mas deixe lá, a abordagem relativista do Eco, é até agora, a que melhor encontrei, e a única razão pela qual o trouxe à baila.

Quanto ao século XXI, se mudança de paradigma houve, ainda não dei por ela. "A Beleza dos media" apenas encntrou na internet um melhor canal de difusão.

Abraço