quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Objectos Perfeitos # 10


(Bodum - Modelo Assam Line III)

Toda a bixa que é bixa, conhece os beneficio da ingestão diária e considerável do chá verde: propriedades antioxidantes, acelerador do metabolismo, o que ajuda a derreter algumas gordurinhas, hidratação da pele e por aí fora.

Quem aderiu e se viciou, na ingestão diária de mugs e mugs de chá verde, sabe bem a grande estopada que é fazer diariamente chá num bule normal, porque um chá verde minimamente decente, só se consegue fazer com folhas de chá soltas, inteiras e não esmagadas e encapsuladas numa qualquer saqueta preservativo, que se mergulha na caneca.

Para o chá ter nome digno de chá, primeiro que tudo tem que ser de folhas inteiras, ou pelo menos muito pouco partidas, depois tem que ser feito num bule de formato tradicional e a quantidade correcta é uma colher de chá por caneca, mais uma colher extra para o bule, sobre a qual se deita a água a ferver. Finalmente, temos que esperar os minutos necessários para que as folhas do chá abram e este tempo não é de todo fixo nos tradicionais cinco minutos, porque de acordo com o tipo, o ano de colheita e até o lote, as folhas do chá têm diferentes tempos de abertura. Findo este tempo, o chá atingiu as suas propriedades ideais e pode ser servido, mas caso não se pare o processo de infusão, todas as chávenas de chá seguinte que se sirvam já serão fortes demais, porque as folhas começam a oxidar e o chá fica com um horrível sabor amargo.

Ultrapassados todos estes problemas, temos mais uma outra quantidade deles de carácter logístico. O primeiro deles todos é tirar as folhas do chá usadas do bule e caso não se use um ovo de chá, solução que não é de todo nem 100% eficaz nem 100% eficiente, a possibilidade de ter uma lava louças entupido é garantida. O segundo problema é a lavagem do bule, que não pode sequer aproximar-se do detergente devido á sua porosidade, a não ser que se queira estar a beber infusão de detergente ao fim de três ou quatro meses de utilização diária.

Para finalizar, há ainda o manter o chá a uma temperatura minimamente decente para ser bebível, ao longo de digamos pelo menos vá lá uma hora, sendo que este problema não será o de maior importância para um viciado em chá verde, já que caso a infusão tenha sido “parada” no momento certo, o chá frio continuará delicioso.

Por tudo isto está mais que explicado porque é que o bule de chá da Bodum em vidro, com sistema de filtro e êmbolo (patenteado) é um objecto perfeito. O vidro permite controlar o processo de abertura das folhas, o êmbolo permite parar o processo de maturação da infusão e o filtro impedir as folhas de irem parar à chávena, isto para além de ser milagroso no processo de limpeza do bule.

O vidro como material ainda não poroso tem ainda uma limpeza muito mais fácil, resistente e duradoura que a porcelana. E essa treta de que um bule de porcelana, vai ficando melhor à medida que vai envelhecendo é mesmo uma treta, no mínimo o que se consegue é que ele ganhe uma enorme colecção de diferentes tipos de odores, os bons e os menos bons.

O modelo pioneiro que já tem seguramente mais de 15 anos, tinha como único defeito ter o sistema de filtro em plástico. Para além da componente estética do plástico que ficava nojenta de amarela ao fim de alguns meses de utilização, os grampos de fixação ao bule, partiam-se com alguma facilidade, não pelo uso para que foram pensados, mas pelo bater diário no caixote do lixo, quando se deitavam as folhas velhas fora.

A partir daí, surgiram alguns outros modelos menos felizes, com derivações de tampa em plástico e outras porcarias à volta do bule que em nada aperfeiçoaram o produto inicial.

Mas como um objecto perfeito, nem sempre deriva em objectos rafeirosos, a Bodum retornou à base com o Assam Line III (foto em cima), livrando-se do sistema de filtro em plástico, que substituiu pelo aço inoxidável.

E porque a perfeição em alguns casos é um work in progress, como se não bastasse o Assam Line III, surgiu o Bora Bora, com todas as boas características dos modelos anteriores, mais o sistema de parede dupla, que em muito contribui para a melhoria das questões térmicas. O Bora Bora ganhou dois prémios: o iF Design Award em 2006 e o Formland Design Award em 2005.


(Bodum - Modelo Bora Bora)

4 comentários:

Lindinalva Zborowska disse...

vou falar com ele e ver o que temos disponível para download. e deixa o xourição inteiro, que minha xoxota não é cofrinho!!! Afffff!!! que babado.

Luis Royal disse...

já ia começar a discordar mas desisti.
deixo-o ficar com o seu bule da bodum. que, ainda assim, é razoável. ;)

poor guy fashion victim disse...

Não precisa de concordar, porque convencer seja quem for não é de todo a minha intenção.

Segui o seu conselho e fui comprar a Blue Design. Interessante o que escreveu acerca dos objectos anti-perfeitos do Max Lamb que conheci graças ao seu blog.

Obrigado igualmente, embora de si directamente não tenha dependido, mas a verdade verdadinha é que não teria comprado de todo a revista se não fosse a sua veemente recomendação, pela surpresa de me ter deparado com uma entrevista ao Jasper Morison que muito aprecio e que só não é para mim um "Royal", porque sou completamente republicano.

Na entrevista dorei a resposta à pergunta da jornalista:

" ...

"descrever o designer como um criador de forma é impreciso (...)quanto menos se preocupar com a criação de formas, melhor para todos nós", escreveu. Qual o melhor antídoto para egos inchados no mundo do design?

Bocejar é um bom começo.

... "

Bom resto de semana

Luis Royal disse...

lol
devo fazer copy/paste? ;)