Conto de Natal (continuação)

Então continuando a história da Little Oprah.

Se bem se lembram, no post anterior, ficamos no momento em que Little Oprah entrou em casa do A e do D, por recomendação de um dos papás da Liberace.

Pois a Little Oprah lá ia vivendo os seus dias, dias felizes de tartaruga, sem qualquer acontecimento que digno fosse de nesta prosa ser narrado. A sua vida de cerâmica, tal qual como a vida, da maior parte dos outros seres, cerâmicos ou não, pouco mais tinha que o correr do tempo ao ritmo da intensidade da luz.

Corria um inverno ligeiramente mais frio que os habituais invernos, mas o sol, apesar de fraco, todos os dias lá entrava pelas janelas, tal como tinha entrado nos últimos quase 60 anos, tempo desde que aquelas janelas tinham sido construídas para por elas poder entrar o sol. Não sabemos se antes daquelas janelas, outras janelas teria havido, porque quem esta história me contou, ou esse pormenor não achou digno de interesse ou simplesmente se esqueceu de o contar.

E tudo assim corria, até que um dia, pela casa adentro, entrou uma pomba correio com um cartão. Os pombos-correios já tinham deixado de existir, desde que a empresa para onde durante centenas de anos tinham trabalhado, tinha aberto falência por obsolescência tecnológica. Entregue o cartão e estando a pobre pomba no desemprego, e porque era quase Natal, A e D lá por casa a deixaram ficar.



À pomba correio brevemente se juntaram outras duas criaturas aladas.




Como Little Oprah pareceu gostar delas, A e D igualmente por lá as deixaram ficar.




Certa noite Little Oprah, que tinha passado as últimas noites e dias, feliz e contente no meio das estranhas criaturas aladas, delas se afastou, procurando um recanto mais escuro e silencioso.



E foi nesse recanto, escuro, silencioso e despojado, que ela pôs dois ovos de ouro.



Claro que o imaginário popular, rapidamente teve que substituir Little Oprah, por outra iconografia mais padronizada. Mas o que a maior parte das pessoas não sabe, é que as expressões, quer de "menino d'oiro", quer de colhões d'oiro (ovos, colhões tão a ver?), quer até de pila d'oiro, à Little Oprah se devem.