Já tinha aqui referido, que não sou nem um gourmet, nem um bom garfo e que não me repugna nada trocar uma vichicoise por um whey protein. O chocolate fica fora disto tudo! Sou capaz de fazer tudo, tudo mesmo, por um Pierre Marcolini, mas se não for Pierre Marcolini e for chocolate preto, também serve, chocolate preto do supermercado, chocolate preto de marcas ranhosas comprado na estação de serviço, não interessa, desde que seja CHOCOLATE! Só por escrever a palavra já estou a ficar nervoso.
Bem, voltando ao tema do post, apesar de não ser nem Gourmet nem viciado em restaurantes, de vez em quanto vou a alguns e de alguns até gosto bastante, como foi o caso do Bistrot do Gold em Milão da dupla de bixas fashion mais famosas do planeta: o Domenico e o Stefano. Claro que quando vou a um restaurante, a companhia contribui muito para a minha satisfação, sobretudo se essa companhia for um gajo italiano bonzudo. Digo isto para vos ser fácil deduzir, que não fui convidado pelo Stefano Gabbana.
Começando pela comida, para depois abordar o mais interessante, a arquitectura do espaço.
O rissoto com funcho e martini bitter estava óptimo. O sabor do funcho liga lindamente com o sabor e textura do rissoto e o martini bitter dá-lhe um sabor inesperado.
O carpaccio de atum com ruibarbo e pequenos gomos de laranja sanguínea e toranja estava excelente. A espessura do atum e do ruibarbo era milimétrica, o que quer dizer que era a adequada. O sabor adocicado do atum com o sabor ligeiramente acre do ruibarbo complementam-se e o sabor dos citrinos foi a “cereja” no cimo do carpaccio.
A cassata siciliana, doce tradicional siciliano à base de ricotta como o nome indica, estava igualmente muito boa.
As doses não são minimalista e o serviço, sendo bastante atencioso, não apresenta nem presunção nem servilismo, atitudes que infelizmente marcam estupidamente o serviço, de alguns restaurantes, sobretudo em Lisboa, que se querem posicionar como topo de gama.
Quanto ao espaço, O lounge bar é engraçado e as paredes em forma de lingote de ouro, apesar de exageradas funcionam. A luz no centro de cada rectângulo muda quer de cor quer de intensidade, o que torna o espaço divertido e agradável, para estar durante alguns minutos enquanto se toma um martini e se espera pela mesa. A música, igual em todos os espaços do restaurante, é boa e tem o volume adequado. Pena ser permitido fumar no lounge bar, o que literalmente impesta a entrada do restaurante.
No bistrot, a reinterpretação que os Dolce & Gabbana fizeram da modernidade e a misturaram com elementos dos anos 70, é bonita e luminosa sem ferir ou ofuscar.
As cadeiras Brno do Mies van der Rohe, conjugadas com o espelho do tampo das mesas, mais os sofás em módulo anos 70 e as paredes em pedra igualmente anos 70, criam um espaço luminoso e contemporâneo. Igualmente bonitas são as persianas totalmente espelhadas.
O que poderia resultar num espaço presunçoso e pesado, resultou em luz e até alguma, arrisco a dizer, pureza de linhas.
Tentei descobrir quem foi o arquitecto, mas não consegui encontrar nada. Se alguém souber diga. Não, não foi o genial David Chipperfield que assina o projecto de algumas das lojas Dolce & Gabbana.
Para terminar, as casas de banho têm muitas superfícies espelhadas, muito muito mármore e o material dos lavatórios, um vidro dourado é francamente bonito. São espaçosas, têm sofás, a porta do privado (espelhada) tem embutido um pequeno ecrã de TV que fica ao nível dos olhos quando nos sentamos na sanita e tudo parece feito, para acolher festas com muitas idas ao WC. Depois da modernidade das cadeiras do Mies, o WC faz-nos lembrar que o Gold pertence ao Domenico Dolce e ao Stefano Gabbana.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
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4 comentários:
quem quer que tenha sido o arquiteto por trás, jamais terá o nome divulgado.. para todos os efeitos D&G foram os designers ...
devo ir conhecer o restaurante agora em julho ... vou confiar na sua crítica..
abs
Carlos
SP Brasil
De quem é o restaurante que também se chama gold em lisboa?
Se vai de SP Brasil para Milão boa estadia em Milão.
Caso necessite de mais alguma informação relativamewnte a outro tipos de restaurantes disponha.
Aproveito no entanto, para sugerir a esplanada no topo da La Rinascente, quer pela localização quer pela qualidade da comida, caso pretenda fazer uma refeição rápida.
Boa estadia em Milão
O Be Gold em Lisboa, não sei de quem é, nem como é. Nunca lá fui.
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