terça-feira, 18 de março de 2008

DOM – De Outro Modo





Quantas vezes já pensou que gostaria de ter uma revista gay em português, que pudesse levar debaixo do braço para o café, ou que pudesse deixar com orgulho, sem se preocupar com a empregada, os amigos hetero, os pais, os familiares ou seja lá quem for, em cima da coffee table Noguchi lá de casa?

Quantas vezes não teve vontade de ter uma revista em Português, que não tivesse medo de se afirmar como gay, mas que não se refugiasse num ghetto?

Uma revista que fosse capaz de falar de livros, de cinema, de cultura, mas que também não tivesse medo de falar de moda, hidratantes, protectores solares, perfumes e todas essas coisas que nos são essenciais?

Quantas vezes não teve vontade de poder comprar uma revista em Português, que se afirmasse gay, cheia de homens bonitos, aliás lindos de morrer, numa verdadeira homenagem à beleza masculina, mas que não lhe provocasse o mínimo embaraço ou vergonha, na hora do pagamento, frente ao olhar curioso da menina ou do menino, da caixa na livraria?

Quantas vezes, teve vontade de ler uma revista gay em Português, que fosse culta sem ser chata e quadradona? Uma revista que fosse atrevida e sem qualquer medo de ser sexy, mas que não fosse brega, junga ou ordinária, mas que também não fosse hipócrita ou falsamente moralista?

Uma revista plural, capaz de tratar as coisas pelo nome, e sem medo de assumir que não há apenas uma forma de ser gay, uma identidade gay, mas muitas.

Uma revista que sem complexos, fosse capaz de ter consciência politica, porque é de um acto político que se trata, que todos nós enquanto cidadãos, gays ou não, temos que lutar, individual e diariamente, contra todas as formas de homofobia. Quer a Homofobia externa e da qual todos nós, de uma forma ou outra, já fomos e somos alvo, e da homofobia internalizada, que muitos de nós ainda temos e que dirigimos a nós mesmos, sem que disso nos apercebamos, cada vez que somos homofóbicos, para outros homossexuais, que não são iguais a nós, ou que apenas não correspondem à ideia, que na nossa pobre e limitada cabecinha, se enquadra na estupidez do conceito de “normalidade e discrição”, como se o jogo dos estereótipos ligado ao género (masculino ou feminino, pudessem tornar alguém mais ou menos respeitável.

Ah e finalmente uma revista, que estivesse tão à vontade a falar destas coisas, como de muitas outras que para muitos de nós são importantes, tais como “que roupa usar no próximo verão para ficar mais sexy”. É que infelizmente, ainda hoje em Portugal, na maior parte das vezes, quem é capaz de discutir os assuntos ligados aos direitos dos Gay, acaba por parecer sofrer de um tal síndrome marxista-leninista, que até parece que começa a desenvolver outro tipo de Homofobia, que eu ainda não encontrei na literatura, talvez porque a maioria da literatura são eles que a produzem, mas que direi que é a happygayfobia. Ou seja, uma homofobia, direccionada aos gay que são felizes e contentes, ou que pelo menos tentam e querem, ser felizes, contentes e alegres e sexys e bonitos!...

Pronto, não há nenhuma revistas assim em Portugal (talvez por enquanto), MAS HÁ UMA REVISTA ASSIM EM PORTUGUÊS, que se chama DOM – De Outro Modo, que já vai no segundo número, em breve sairá o terceiro, e que é editada do outro lado do Atlântico, naquele país que se chama Brasil, onde vivem 186 milhões de habitantes que falam português. Conhecem?

O site deles é este, e se não pode ler a revista, pode pelo menos esfolhar alguma s páginas, e ver as fotos, claro!!! Ah, mas se não pode ler a revista na íntegra porque ela ainda não é editada por cá, pode pelo menos ler o blog da redacção da revista. Aqui está o endereço.















1 comentário:

Anónimo disse...

Oi, António

o seu post sobre a DOM ficou m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o! Adorei a seqüência que vc deu aos textos intermediados por imagens da revista. Vc trabalha bem a linguagem virtual. Parabéns! E só para vc saber, a gente já está vendo a possibilidade de vender a DOM em Portugal. Legal, não?! Vamos em frente... Estarei sempre atento ao seu blog, que é um dos melhores que já visitei. Abs, Augusto