domingo, 17 de julho de 2011

Entregues à Bicharada



O meu avô João, o homem que me ensinou a dar nomes aos pássaros e a identificar algumas constelações no céu, ferreiro de profissão, republicano e anticlerical até à medula, deve ter sido a pessoa a quem mais vezes ouvi a expressão “ estamos entregues à bicharada” . Normalmente estas palavras eram proferidas frente à TV, sempre que nela aparecia personagem que não gostasse. O cavacão, o bochechas, o anterior Papa ( e tenho a certeza que caso ainda fosse vivo o actual também com elas seria brindado) e até o Sampaio, foram personagens que dezenas de vezes ouvi o meu avô João expulsar lá de casa. Sim expulsar lá de casa, porque logo seguida à expressão “estamos entregues à bicharada” seguia-se a “apaguem imediatamente a televisão, em minha casa ainda só entra quem eu deixar e aqui não entram malandros”.

Mudando de assunto, sempre suspeitei que a betalhada tuga fosse na quase sua totalidade parola e muito out of fashion, aliás ser beto é por definição isso mesmo certo? Mas tanto assim?

Essa coisa do sem gravata, vem do casual friday, má e inconsequente prática americana de Gestão de Recursos Humanos dos idos anos 90, que os maus gestores de RH, que nada sabiam de gestão é sempre bom recordar, inventaram quando já não sabiam com que cenoura acenar aos yuppies anoréticos cognitivos, que a desregulamentação da bolsa permitiu que medrassem como cogumelos. Assim tipo Americam Psycho tão a ver?

Assim não vamos lá, essa do sem gravata está estafada de velha, agora o que tá a dar é sem peúgas, sem meias, sem soquetes. Se o sapato for de boa qualidade, os pés transpiram muito menos (a pele deixa sair o suor), baixa a temperatura corporal pelo menos 2 cº e evita o cheiro a chulé. Não se podem é usar sapatos Made in China (os tais que os mercados deixaram que proliferassem como fungos) e provavelmente Made in Portugal presumo que também não. A maior parte das empresas que ainda produzem sapatos tugas minimamente decentes fá-lo para exportação, as outras receberam os fundos para se modernizarem, e os empreendedores empresários compraram Ferraris, casitas no Allgarve e canalizaram o resto dos fundos para acções na bolsa.

Por aqui há muito que o PGFV recomenda a abolição da peúga. Ficam algumas sugestões:







Para finalizar, e recordando o meu avô João, estamos entregues à bicharada, bicharada de todo o tipo, até bicharada parola e out of fashion e se fosse limpar a pocilga dos porcos, não seria mais consequente?

E não, não me representam e isto já não é uma democracia!

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