domingo, 11 de julho de 2010

Margielisses para a casa



Um cromo do Fuori Salone 2010 já muito fora de época, mas a Maison Martin Margiela também nunca teve nem tem época.

No 10 do Corso Como, as propostas para a casa da Maison Martin Margiela, com ou sem Margiela, foram do melhor que vi pelo Salone, mesmo que a constante incoerência típica da marca continue a estender-se aos objectos de casa.

As peças são indiscutivelmente bonitas, indiscutivelmente básicas num certo sentido do que entendemos por básico, mas a relação preço qualidade (leia-se valor intrínseco do produto) são totalmente desadequadas, para não dizer absolutamente pornográficas.

Pornográficas porque não implicam um sistema de produção que justifique os preços finais, pornográficas porque não implicam matéria-prima que implique o preço final, pornográficas, porque paradoxalmente acabam por negar a premissa crítica de base da qual partem. E nem na ancoragem ao factor artesanal que defendem encontramos alguma valorização do "valor do trabalho", o artesão é uma peça tão anónima quanto os operários dos sistemas de produção tayloristas mais hard.

Fiquemo-nos por isso apenas pela forma, que neste caso vale por si mesma e esqueçamos as premissas falsas deste paradigma (falsas porque o próprio paradigma as nega e as contradiz na prática. E já nem vamos para questões como sustentabilidade ou responsabilidade social, que aqui a maior parte das modas e dos designs ainda estão na pré-história do capitalismo.









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