
(foto via www.galeriaquadradoazul.pt )
2. / Quase Luz Nenhuma
em todos os retratos haverá um rastro de ferrugem
porque a demora corrói o olhar... alinhava no papel
o ácido das noites em sépia
no vidro das montras pressentimos a fuga
o desabar da cidade sob o peso da chuva... sempre
que o diálogo existe entre a sensibilidade do corpo
e do filme... as mãos repetem os gestos
as palavras desfazem-se no lusco-fusco surge o medo
estas pedras fascinadas pelos néons donde se solta a fera
que nos devassa os umbrais dos dias morrendo
caminhamos pela avenida miniaturizada no sonho
aqui devoramos os alicerces de quase luz nenhuma
aqui nos perdemos propositadamente... a paula o paulo
e a silhueta duma gabardina preta comigo dentro
ao que dizemos e à noite fico atento
hipnotizado nas luzes terríveis... o receio
de mais tarde olhar as fotografias e já não sentir
pulsar no papel vida nenhuma
al berto
in
O MEDO - LIVRO SEXTO - PAULO NOZOLINO / 4 visões
1 comentário:
Sounds awesome!
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