Se Paulo Nozolino não fosse simplesmente o maior fotógrafo português vivo , se a última exposição dele em Lisboa ali ao Largo dos Stephens, nº4 (Galeria Quadrado Azul)não estivesse quase acabar (termina dia 07), se as fotografias do Paulo Nozolino não fossem sempre maravilhosas imagens cristalizadas da morte, talvez não me tivesse lembrado do poema do al berto.
(foto via www.galeriaquadradoazul.pt )
2. / Quase Luz Nenhuma
em todos os retratos haverá um rastro de ferrugem
porque a demora corrói o olhar... alinhava no papel
o ácido das noites em sépia
no vidro das montras pressentimos a fuga
o desabar da cidade sob o peso da chuva... sempre
que o diálogo existe entre a sensibilidade do corpo
e do filme... as mãos repetem os gestos
as palavras desfazem-se no lusco-fusco surge o medo
estas pedras fascinadas pelos néons donde se solta a fera
que nos devassa os umbrais dos dias morrendo
caminhamos pela avenida miniaturizada no sonho
aqui devoramos os alicerces de quase luz nenhuma
aqui nos perdemos propositadamente... a paula o paulo
e a silhueta duma gabardina preta comigo dentro
ao que dizemos e à noite fico atento
hipnotizado nas luzes terríveis... o receio
de mais tarde olhar as fotografias e já não sentir
pulsar no papel vida nenhuma
al berto
in
O MEDO - LIVRO SEXTO - PAULO NOZOLINO / 4 visões
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1 comentário:
Sounds awesome!
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