quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Bocas homofóbicas - É que sei lá, eu até acho, que vocês têm o direito de existir.

Há momentos em que não devemos ligar demasiados a bocas reaccionárias, sobretudo quando estas vêm de pessoas reaccionárias com tiques classistas, como a Maria José Nogueira Pinto. No entanto para acompanhar o chorrilho de disparates que mascaram a mais pura homofobia, que a Exma. Senhora publicou hoje no DN, aqui ficam mais duas afirmações homofóbicas que a mesma senhora já fez publicamente no passado.

“ … eu até acho que vocês têm o direito de existir … “

Pois é... esta foi expressão proferida pela Exma. Senhora em causa, a Gonçalo Diniz num debate televisivo precisamente acerca da lei das uniões de facto, que a Exma. Senhora Maria José Nogueira Pinto, na altura achou que não deveria abranger os casais do mesmo sexo (pelos vistos, como hoje parece depreender-se da sua crónica a lei já é muito boa).

Como Gonçalo Diniz se assumiu como homossexual, defendendo ter os mesmos direitos que qualquer outro cidadão, a Exma. Senhora Maria José Nogueira Pinto espeta-lhe, TOLERANTEMENTE, esta: “ … eu até acho que vocês têm o direito de existir … “.

Na altura ficamos todos muito contentes e aliviados com a TOLERANCIA, demonstrada pela Exma. Senhora Maria José Nogueira Pinto.

Já quando foi acerca da inclusão da “orientação sexual” no 13º da Constituição da republica Portuguesa, obviamente que a Exma. Senhora Maria José Nogueira Pinto, não concordou e lançou esta: “... estamos a legislar com o olho no buraco da fechadura... ”.

Pronto também ficamos a saber que a dita senhora em causa, reconhece o direito de existência aos homossexuais, desde que estes se escondam bem escondidinhos. Ou seja, a dôtora jurista TOLERA, deste que fingem que não existem.

Hoje uma vez mais, a dôtora jurista verborreia mais uma série de disparates fruto da sua forte homofobia e ainda lhe dá assim como que ares de uma interpretação psicosócioantropologica de cordel (faltou o bio e já agora o genético).

Felizmente existe liberdade de expressão neste país e por esta razão a dôtora jurista, tem todo o direito de disser o que bem lhe aprouver, mas se ela se ficasse por contar às revistas como conseguiu sobreviver em data altura na vida, à custa da venda das suas jóias Cartier e que só conseguiu vender sem que na loja chamassem a policia, porque tem cabelos loiros e olhos azuis, talvez fizesse menos mal a muita gente. Sim, numa entrevista que a Senhora deu no tempo, penso que ao Expresso, referiu na primeira pessoa, que após a o 25 de Abril, viu-se em muitas dificulades e teve que vender as suas joias Cartier e que o empregado que na loja onde na altura se dirigiu (na África do Sul se não me falha a memória), não chamou a policia, porque olhou para os seus olhos azuis.

Ah,... a percepção do mundo de quem sempre se autopercepcionou como classe dominante!!!!

A última expressão da senhora é aliás muito bem representativa da sua mundivisão,
“… e menos ainda se o símbolo é usurpado”.

Como a senhora dôtora jurista, sabe que do ponto de vista juridíco a questão não tem ponta por onde se lhe pegue, passa a usar sem rodeios a artilharia da heteronormatividade. Pena que a dôtora, pelos vistos nem por Bourdieu tenha passado.

Mas deixe lá, acho que todos nós, mesmo não tolerando que pessoas como a senhora imponham aos outros a sua visão do mundo ( e já agora de manutenção de modelo de classe social), até achamos que tem todo o direito de manifestar em público a sua imensa homofobia.

Nota Final: Não linko a crónica da dôtora no DN de hoje, porque não me apetece.

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