quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Jonathan Adler



Estão a ver a secção Weddings/Celebrations do The New York Times? Aquela colunazinha, onde o The New York Times, descreve aos seus leitores e ao mundo, os pormenores relativos à forma como os noivos se conheceram, bem como outros pormenores, tais como a idade, a profissão e a família dos nubentes?

Pois bem, foi exactamente à tradicional maneira do Weeddings/Celebrations do The New York Times, que o casamento de Jonathan Adler e do seu marido Simon Doonan foi anunciado, quando estes contraíram matrimónio no hotel Clift em São Francisco, no passado dia 19 de Setembro.

Mas quem é Jonathan Adler e porque é que estou a referir tudo isto, já que o PGFV quando de dedica ao social, incide mais em festas de gajos em tronco nu que na vida do beautiful people.

Jonathan Adler para além de ser gay até à medula, ser o marido de Simon Doonan até que preposition 8 não lhes invalide o casamento, é o ceramista que conseguiu popularizar e atribuir estatuto de design a peças de cerâmica decorativa, como só Aldo Londi tinha conseguido nos anos 60.



É ainda o autor do Best-seller “Prescription for Anti-Depressive Living”, convidado de Oprah Winfrey não sei quantas vezes, filho de mãe judia, acérrimo defensor do happy chic, pai da Liberace (uma norwich terrier), estrela televisiva e autor do manifesto, do qual transcrevo os três primeiros statements

We believe that your home should make you happy.

We believe that when it comes to decorating, the wife is always right. Unless the husband is gay.

We believe in carbohydrates and to hell with the puffy consequences.


Querem ler o resto? Vão à página dele que não me apetecer fazer mais copy past.

Se tudo o que atrás mencionei, só por si não atribui qualquer qualidade às suas peças, é no entanto indiciador da extrema actualidade do seu trabalho.





A recuperação do estatuto do artesanato / trabalho manual em detrimento da produção industrial na área do design, tem sido quase a pedra basilar dos programas das novas estrelas do design cá desde lado do atlântico.

A desmarcação de alguns designers da produção industrial e em série, não tem sido, quanto a mim, mais que manobras de diversão totalmente vazias de conteúdo. Nem as boas produtoras de design industrial conseguem produzir boas peças de design com organizações fordistas ou neo tayloristas do trabalho, nem os novos designers que apresentam peças, enquanto objectos de arte manual e por isso peça única ou de edição limitada, conseguem focalizar-se nas pessoas (leia-se utilizadores, múltiplos utilizadores) prescindindo das técnicas industriais de produção.

Ora bem, deixando todas estas reflexões de lado, o que me agrada no trabalho do Jonathan Adler, sobretudo nas suas peças cerâmicas, que são de longe as mais interessantes, é a pragmatização de todo o pot pourri das ideias que atravessam hoje o design. Só que, enquanto os outros salpicam com este pot pourri as peças de edição limitada que vendem a preços estúpidos e escandalosamente exorbitantes, Jonathan Adler cria peças de puro bric a brac, perfeito exemplo do novo conceito de luxo democratizado para a classe média, pelo menos enquanto esta ainda existir.

Não é massificação do luxo, é democratização do luxo, que são coisas totalmente diferentes e entre um bric a brac disfarçado em peça única ou edição limitada, eu prefiro trezentas mil vezes a maior parte das peças do Jonathan Adler. Coisas do coração!







E se enquanto defensor do happy chic, Jonathan Adler que foi apoiante de Obama, fosse convidado para redecorar a Casa Branca?

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito bonitas algumas das peças dele. Podem-se comprar em Lisboa?

poor guy fashion victim disse...

que eu tenha conhecimento a Área tem algumas peças de cerâmica e algumas das velas.

Bruno disse...

Sim na Area tem algumas muito interessantes. Ando de olhos fisgados em algumas peças. São lindas.