domingo, 5 de outubro de 2008
Com Out e já lá vão três
Pois é, nem a desculpa de “uma questão de oportunidade”, já me servia para não falar aqui da Com Out, a revista gay, ou melhor LGBT, em português que já vai no terceiro número.
Li todos os números e gostei de todos.
Entre o melhor da revista saliento a abundância e qualidade dos artigos com carácter político ou activista como lhe quiserem chamar. Os artigos do Miguel Vale de Almeida são como sempre excelentes e os editoriais têm vindo a melhorar de número para número.
As entrevistas a figuras públicas gay são boas e fundamentais para este país armariado. No nº1 Solange e Guilherme de Melo, no nº2 Richard Zimler e no nº3 o nosso melhor “jovem” realizador português, João Pedro Rodrigues (Fantasma e Odete)que nos nos desvenda um pouco do véu do seu próximo filme.
O rubrica “Está lá?” em que é feita telefonicamente uma pergunta a figuras públicas é engraçada, irreverente e igualmente pedagógica.
O grafismo, não sendo excelente e talvez com muita coisa ainda a melhorar, é bastante bom, para as condições que calculamos que uma revista direccionada a um target gay e que acaba de nascer neste país à beira mar plantado que é Portrugal, possa ter. Os editoriais de moda do nº1 e do nº2 foram muito fraquitos, mas no nº3 lá apareceu um bastante engraçado feito com os irmãos Guedes. Parabéns!
Admitamos, fazer uma revista, direccionada a gays e lésbicas, seja lá o que isso for, não é tarefa fácil, primeiro que tudo, porque quer quando falamos de gays, quer quando falamos de lésbicas, não estamos a falar de grupos homogéneos, e se isto pode ser válido quando pensamos em gays e lésbicas, é ainda mais válido, quando pensamos nos possíveis distintos públicos alvo que existem quer nos gays, quer nas lésbicas. Por esta razão, a aposta no que pode ser comum a todos os possíveis grupos e sub grupos, e que é a luta pelos nossos direitos enquanto cidadãos, ou seja, uma maioria de artigos com carácter “activista” não só me parece acertada, como fundamental, para o momento social e politico que vivemos em Portugal.
E, tem mais, bastante mais, por isso se alguém ainda não leu nenhum número, corra para o próximo quiosque para ver se ainda encontra o 3º e mantenha-se atento ao 4º que deve estar para sair.
Para terminar apenas uma coisinha: Não gosto nada, mas nada mesmo da “Tolerância>> Igualdade >> Atitude escrito na capa da revista.
Enquanto homossexual, não procuro ser tolerado por ninguém. Subjacente à tolerância existe uma atitude (atitude enquanto pré comportamento) de superioridade. Não sou superior a ninguém pela minha orientação sexual, mas jamais aceitarei, que alguém considere a sua orientação heterossexual melhor ou mais válida que a minha, quer sob a forma de discriminação assumida (por vezes esta ainda é a mais fácil de lidar, porque pelo menos sabemos com o que podemos contar), quer sob a forma de homofobia armariada, tão armariada, que até dizem que respeitam a minha orientação sexual, e que isto é lá comigo e do meu foro intimo, mas que no fundo no fundo, eu não sou igual a eles e por isso não posso ter os mesmos direitos que eles, mas que eles, de tão tolerantes que são, até me concedem o favor que eu tenha o direito de existir. Assim como temos ouvido dizer muitos políticos nestes últimos dias!
Continuem, e os meus parabéns.
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