Em quase em todas a ilhas em que já estive, senti sempre uma terrível angústia, provocada pela ideia de que se começasse a andar por terra em frente, voltaria ao sitio inicial de partida. Em algumas cheguei mesmo a faze-lo de carro e no final, em vez da satisfação de “tarefa cumprida” a tal angústia subiu a pique.
Ilhas diferentes, paisagens diferentes. Da Madeira e Porto Santo à luxuriante Ilha de São Tomé, da vulcânica L’Ile de la Reunion à Impressionante ilha do Pico, da florida ilha de São Miguel à confortável ilha Terçeira e até na ilha de chegadas e partidas que é o Faial, senti a terrível angústia da insularidade.
Não fui feito para ilhas, nem sequer para passar umas curtas férias, rodeado de paisagens paradisíacas, capazes de preencherem o imaginário do moderno homem urbano, que acredita que o paraíso é o mito da natureza.
Estive em todas as ilhas atrás referidas, em oceanos e mares diferentes e em diferentes alturas da minha vida e, em todas elas, sempre a mesma angustia, sempre a mesma vontade de apanhar o primeiro avião e zarpar dali para fora.
Não o senti na ilha de Moçambique, talvez porque esta eteja ligada a terra pela ponte mais bela que já vi em toda a minha vida e não o sinto em Ibiza, porque Ibiza, é um dos locais em que melhor me sinto no mundo, em que mais me consigo identificar e fundir, sim a palavra é fundir, com o céu, a terra, a paisagem, a luz.
Cada ano que regresso a Ibiza, cada regresso cada vez mais se assemelha àquilo que eram a as férias de verão na praia da minha infância. Dormir numa cama que quase já não me é estranha, conhecer todos os cantos à praia, conhecer previamente as rotinas, reencontrar os amigos de verões anteriores.
No momento devem estar a pensar que gosto de Ibiza sim, mas é pelas festas, pelas pool parties, pelos rapazes giros ao quilo. Sim também o é, mas não o é só por isso, porque tal como já referi, se no momento há algum lugar no mundo, onde mais fácil e intensamente , consigo fundir-me com os elementos da natureza é Ibiza.
Há quem goste de florestas tropicais, outros preferem praias pseudo virgens em ilhas falsamente perdidas, outros deslumbram-se com paisagens vulcânicas, outros com desertos, outros com montanhas. Eu encontro-me em mim e nos outros, na luz mediterrânica de Ibiza, ao som dos aviões que chegam e partem à ilha de 5 em cinco minutos.
Na maior parte das vezes, se não em todas, o que se ama intensamente, não se explica, sente-se, mas porque todos temos a necessidade de perceber o que sentimos, aqui fica a racionalização de algumas das razões, responsáveis pelo meu amor a Ibiza.
A luz
A luz mais bonita do mundo é a de Lisboa e a de Veneza. A luz de Lisboa é branca, dura, cinematográfica. A Luz de Veneza é doirada e doce mas igualmente constante. Pode variar de tom, de intensidade, como a de lisboa, mas é sempre o mesmo tipo de luz.
Em Ibiza algumas vezes a luz é doce, clara e luminosa, envolvendo-nos o corpo e a alma. Outras é quente e dourada, aconchegando-nos o corpo como dois braços que nos envolvem. Outras vezes ainda, é apenas pura e fria.
Dolce Fare Niente
Já conhecer tudo e poder ficar no quarto de hotel, com os pequenos objectos pessoais que transportamos, sem sentir a necessidade de fazer coisa novas, não é bom, é absolutamente MARAVILHOSO.
O Azul Mediterrânico
Se uns se deslumbram com cumes nevados de montanhas, eu deslumbro-me com as paisagens familiares mediterrânicas banhadas pelo mesmo azul, que viram gregos, romanos, cartigeneses e toda a infinidade de povos que um dia habitaram a bacia mediterrânica.
I Love Space Matinée
Os sábados passados no Space na festa do Matinée, já não são passados a dançar ao sol, porque a nova lei o proibiu.
É verdade que já não poder dançar ao sol no terraço do Space, faz-me sentir terrivelmente nostálgico dos anos anteriores, mas as estrelas, a lua e os aviões, acabaram por ser um bom substituto do sol.
Dançar ao Sol
Continua a ser possível dançar ao sol em Ibiza, basta apenas ser convidado para a poool party certa. E, nada como uma piscina, sol, boa música, amigos que amamos ao nosso redor e resmas de rapazes simpáticos lindos de morrer, para nos sentirmos como uma criança numa loja de brinquedos.
Os Aviões
Por último, os aviões, as centenas de aviões que cortam o azul do céu. Aviões que trazem pessoas, aviões que levam pessoas, aviões que são tão fascinantes, como a estreita e interminável ponte da Ilha de Moçambique.
E é por tudo isto, que eu ano a após ano, cada vez mais amo Ibiza.
Fotos: PGFV
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2 comentários:
viajei, viajei, viajei e sonhei muito!!!!!!
Que bom para ti!!!!
LS
você é mesmo fixado em ibiza
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