quarta-feira, 16 de julho de 2008

Velas




Como já não fazia há muito tempo um post de velas, aqui ficam estas, que não sendo perfumadas, ia dizer são santificadas, mas não quero ofender sensibilidades.

Gostava de encontrar uma vela assim, mas com a imagem de São Sebastião. Não, não estou a ser misógino, nem sexista. Gosto bastante destas com a Nossa Senhora de Fátima, apesar da roupa não me parecer da Ray Kavakubo, mas confessem lá, que uma vela com um santo seminu, amarrado a um tronco gravado de setas no corpo e um sorriso de deleite no rosto, não seria uma delicia?

Para quem não saiba, Sebastião era um rapagão que se alistou s como soldado no exército romano, com o único objectivo de consolar os pobres dos cristãos, enquanto estes eram torturados.

Sebastião acabou por tornar-se muito querido dos imperadores Diocleciano e Maximiliano, que o queriam sempre próximo deles e que desconhecendo as suas actividades secretas junto dos cristãos, acabaram por promove-lo a capitão da sua guarda pessoal.

Com o passar do tempo, o Imperador (não sei se o Dioclesiano se o Maximiliano, porque não vem especificado na Wikipédia), desiludiu-se profundamente com Sebastião, por este não ser suficientemente duro e agressivo para com os prisioneiros e vai daí, manda-o executar, ordenando que o amarrassem a um poste e o cravejassem de flechas até à morte.

Os romanos julgando-o morto, atiraram-mo ao rio, mas Sebastião resistiu e foi socorrido por Santa Irene, que não sei quem é, mas que devia ser uma daquelas gajas que gostam sempre de andar acompanhadas de bixas.

Como o imperador não era nada parvo, descobriu tudo e mandou de novo mandar matar Sebastião, desta vez através de espancamento.

Não sei se naquela altura já havia G, mas o que é certo é que Sebastião fartou-se de apanhar porrada e não morreu, tendo sido necessário atravessa-lo de lado a lado com uma lança, para que efectivamente a bixa morresse.

E esta é a história do rapagão Sebastião, que veio a ser adoptado como padroeiro de muitas bixas e que é o santo mais sexy de toda a iconografia cristã, ao ponto de Óscar Wilde após a sua condenação, se ter convertido ao cristianismo e passado adoptar o pseudónimo de Sebastien.

Mas não foi só Wilde que foi fã do santo, Thomas Mann no seu discurso de agradecimento do Nobel em 1029, disse que apesar de ser protestante tinha um santo favorito: “o jovem que no sacrifício atravessado por flechas sorri na sua agonia”. E é neste sorriso da agonia, ajudado pela iconografia renascentista de um corpo seminu musculado, que reside o encanto de são Sebastião. O sorriso e identidade que os homossexuais ao longo da história da humanidade aprenderam a manter na agonia da discriminação diária.



O São sebastião de Gregório Lopes, (1490-1550) no Museu Nacional de arte Antiga em Lisboa


O de Botticelli


O de Andrea_Mantegna


O do Pierre e Gilles


Por tudo isto, se alguém souber onde posso encontrar velas assim com a imagem de São Sebastião que me avise. Se souberem onde posso encontrar um tank top com as flechas e as perfurações na pele, também podem avisar. Já me fartei de procurar nas colecções do Galliano, mas não encontro.

1 comentário:

Luis Royal disse...

leia Confissões de uma Máscara, do Mishima, onde encontrará uma relação fantástica entre a imagem do santo e o sofrimento de um homem trancado nos seus delírios masoquistas e homossexuais.
velas assim, não estou a ver.
mas aconselho as da Rituals, que não tendo iconografia religiosa, são as que produzem melhor efeito.
ou então numa qualquer paróquia onde tenham o s. sebastião como figura de devoção.
boa sorte.