domingo, 22 de junho de 2008

Desculpas esfarrapadas para não ir à marcha



Não, não vou falar desta campanha da Diesel que já tem uns anitos, a foto foi só para chamar a sua atenção.O assunto é a 9ª Marcha do Orgulho LGBT que é já no próximo sábado dia 28, às 16:00 no Principe Real.

A marcha percorrerá a rua D. pedro V, a rua de São Pedro de Alcântara, a rua da Misericórdia, a rua Garret, a rua do Carmo, o Rossio e terminará no Terreiro do Paço.

Mostrar ORGULHO na nossa orientação homossexual é a única forma individual que cada um de nós tem, para lutar e fazer frente à forte homofobia de que todos os dias somos alvo em Portugal.

Infelizmente a maior parte dos gay em Portugal, parece não perceber isto e estão sistematicamente ano atrás de ano ausentes da marcha, bem escondidinhos em casa.

A seguir alguns dos argumentos, mais utilizados para não irem á marcha.


Estou muito bem com a minha sexualidade e não sinto necessidade de andar pela rua com um rótulo de gay escrito na testa.
- Não precisa de escrever gay na testa, precisa apenas de ir e pronto Onde foi buscar a ideia da maquilhagem? Está com ideias eh!!!...Je Je Je. Para além disso não precisa de ser gay para ir à marcha: A questão dos direitos dos gays, é uma questão de cidadania e de direitos humanos, tal qual como o racismo, a transfobia, xenofobia, etc.

Não quero arriscar-me a que os meus colegas de trabalho me vejam.
- Ok, é lá consigo, mas até aposto que aos seus colegas de trabalho hetero, nunca sequer lhes passou pela cabeça em não mostrarem a orientação sexual que têm. Então porque carga de água, terá você que esconder-lhe a sua. Acha que a sua orientação é pior que a deles para ter que ser escondida a vida inteira e a deles não? Mas caso algum dos seus colegas veja as suas fuças na TV, o que duvido, pode-lhe sempre dizer, que a homofobia hoje, é algo que deve ser combatido exactamente como o racismo e como é uma pessoa muito preocupada relativamente ás questões do Direitos Humanos, foi á marcha. Vai ver como ele imediatamente engole em seco e cala as fuças.

À marcha só vão travestis e pessoas com as quais não me identifico
- À marcha vai quem quer, não é necessário dress code o que quer dizer que não tem que meter aqueles saltos agulha de 18cm que tem escondidos lá em casa no armário. Pode ir vestido com a roupa que normalmente veste. Para além disso, se à marcha vão trangenders isso apenas mostra que são pessoas corajosas. Sem querer estar a fazer de seu psicólogo, quer-me cá parecer que há coisas na cabeça dessas pessoas com as quais diz não se identificar, que já estão bastante melhor resolvidas que na sua. Eu até aposto consigo que nenhum dos trangenders estará preocupado em ser visto ao seu lado.


A marcha é de muito mau gosto, tudo aquilo é de péssimo gosto.
- Óptimo, se for estará lá você, para dar um toque de bom gosto e mostrar como tem estilo. Aproveite e dê com a sua simples presença uma lição de elegância e bom gosto a todos.

Estou bem com a minha orientação sexual, sinto-me integrado e não necessito de reivindicar nada.
- Você é um sortudo homem! E um optimista para não dizer que é outras coisas. Pense apenas nisto: se não fossem as pessoas, que têm ido a marchas como estas e que fizeram revindicações atrás de revindicações, hoje você, na sua santa ignorância, nem sequer poderia dar-se ao luxo de poder sentir-se integrado, sabe porquê? porque ou se calava ou era preso, se não lhe acontecessem outras coisas piores.


Não preciso de andar na rua aos gritos a dizer que sou gay, porque a minha orientação sexual apenas a mim me diz respeito.
- Errado, a sua orientação sexual é tudo menos privada. Uma coisa é a orientação sexual outras as práticas sexuais. Se as suas práticas sexuais, apenas a si dizem respeito, a sua orientação sexual caso seja homossexual deverá ser tão pública quanto a orientação dos heterossexuais. Acha que a orientação dos heterossexuais é privada?

Tenho medo de ser discriminado pelos meus colegas, pelos meus amigos, pelos meus pais, pessoas que não sabem da minha orientação sexual.
- É um sentimento real e legitimo. A grande maioria dos portugueses é profundamente homofóbica. Se não não podemos MUDAR O COMPORTAMENTO DOS OUTROS, PODEMOS NO ENTANTO UMA COISA, MUDAR O NOSSO COMPORTAMENTO e esconder-nos a vida inteira, talvez não seja a melhor forma, quer para cada um de nós, quer para os outros, de vivermos sem vergonha a nossa orientação sexual.Sabe aquela coisa da pescadinha de rabo na boca?

A agora acerca da Pride London, que este ano será exactamente uma semana depois da de Lisboa e no mesmo dia da de Madrid:

"Pride London, the UK’s Capital Pride, is pleased to announce that negotiations with the Ministry of Defence have been successful, and for the first time at a pride event all service personal will be allowed to take part in the parade in uniform.

The Royal Navy were given permission for the 2006 and 2007 parades, but up until now the Army and the RAF have taken part in “civvies”. A series of talks between Pride London and the MoD, convened by the Equality and Human Rights Commission and Stonewall, another gay charity, have now overturned this ban.

Pride London's Chair, Paul Birrell commented:

"Pride London has been involved in discussions for members of the armed forces to be allowed to wear their uniforms in the parade for some time. I am delighted that the valuable contribution made by LGBT soldiers, sailors and airmen to front-line operations has at last been recognised."

5 comentários:

Anónimo disse...

Adorei este rol de contra-argumentações. É de arrasar por completo.
Só é pena que a maioria das pessoas (independentemente da orientação sexual) não seja confrontada com este discurso. É chocante, mas penso que é o melhor - e o mais coerente - na alteração de consciência das massas.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

É este o país que temos, com as pessoas que temos: pequeninas, mesquinhas, e sobretudo provincianas, julgando-se modernas.

iLoveMyShoes disse...

Eu diria... quem quer ir vai. Quem não quer, não vai... Afinal de contas... liberdade para todos, certo?