sábado, 12 de janeiro de 2008


O desfile começou praticamente com 40' de atraso e com uma ária, penso que de Verdi, mas que não identifiquei. Tenho que perguntar ao meu amigo Nunzio se sabe qual é, seguindo-se-lhes "She is the rainbow" e "I'm free" dos Rolling Stones, num remix do DJ Coleman.

Em revisão, predominaram os fatos de inspiração anos 30-50 em preto, os blusões de inspiração bomber com gola e interior de peles, camisolas tricot oversize, cachecois igualmente oversize enrrolados ao pescoço (o cachecol caido ao estilo dandy esteve totalmente ausente), camisas brancas de colarinhos muito pequenos, gravatas bem estreitas, alguns smokings de três peças, inspiração anos 70, tal como as lapelas de alguns dos casacos dos fatos, e muitas muitas boinas.

As cores predominantes foram o preto em abundância e o cinza, com alguns castanhos.

Como habitualmente os coordenados de inspiração mais clássica, foram sendo apresentados em alternância com looks mais casuais, chegando a cruzar-se em passerelle fatos e camisolões tricot oversize.

As minhas peças preferidas foram um bomber de inspiração flight jacket, com punhos e cinto em malha e gola de peles (espero que sintética), as camisas brancas de colarinhos bem pequenos e curtos, alguns camisolões tricot não oversize (não consigo ver piáda nenhuma em ver um homem vestir 5 números acima da largura dos peitorais) e as gravatas bem fininhas. As boinas são simplesmente horrorosas.

Espremendo bem tudo, rigorosamente nada de novo, que não tivessemos já visto este Inverno nas lojas e na rua. É uma colecção hiper comercial, indiscutivelmente com algumas peças de corte inrrepreensível, mas sem qualquer risco que nada de novo acrescenta. A colecção não tem uma única ideia central e o desfile foi apenas uma simples sucessão de coordenados.

Fico a aguardar o desfile da segunda linha D&G, que provavelmente à semelhança da últimas colecções, apesar da massificação, tem tido peças bem mais interessantes. Quer-me parecer que a linha D&G já está totalmente nas mãos e no estirador, de uma equipe de designers, bem mais novos que a dupla, que foi em tempos mas já não é, o viagra da moda.

Hoje ainda, em mais uma estratégia de puro marketing, a dupla contratou o fabuloso David Gandy, para promover a colecção de underwear no corner da Rinascente (vai vender como pãezinhos quentes).

Se adorei a campanha fotográfica ao estilo calendário, o vídeo ao estilo rafeiro La Dolce Vita do Fellini, só se suporta os primeiros segundos. Não tivesse o bonzão do David Gandy uma carinha laroca e tudo aquilo era uma pirosada do pior.

Podem ver o vídeo da campanha, igualmente realizado pelo Mariano Vivanco, algures por aqui. A coisa, começa com a ária "Nessun Dorma" da Turandot de Puccini, numa interpretação horrorosa que penso ser do Pavarotti (se ao menos fosse a interpretação do Beniamino Gigli, ainda ficávamos com boa música) e acaba em poses do querido do Gandy em poses homoeróticas, versão porno envergonhada do Triunfo da Vontade da Leni Riefenstahl.

Não fosse o corpinho do rapagão, que é a única coisa que se safa, a coisa era de vómito absoluto.

A dupla maravilha, ex viagra da moda, parece estar numa crise de criatividade, mas também com os milhões que jà ganharam e continuam a facturar, estão-se bem eles a cagar. E o que é certo, certo, certinho, é que mesmo eu que para aqui estou a cagar todas estas postas de pescada, tenho a gaveta cheia de cuecas deles.

Sem comentários: