quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Fall 2008/2009 D&G


A coleccção da linha D&G apresentada em Milão, superou todas as minhas expectativas. Com um carácter assumidamente comercial, foram apresentadas peças vestíveis e actuais, igualmente capazes de cumprir o seu papel enquanto criação de moda.

A colecção da Dolce &Gabbana, primeira linha da marca, apesar de ser extremamente comercial, não foi apresentada enquanto tal. Talvez por isso tenha gostado tanto da objectividade e franqueza desta colecção D&G.

A dupla parece que abandonou os modelos da colecção do verão que se aproxima, nas cosmopolitas ruas de Londres, mudando-se para um castelo algures na Escócia à beira de um lago, tal a abundância do uso de tartan (em português dizemos xadrez escocês), mohair, carneira (pele com pelo), tweed, tricot manual.

O tartan é o material dominante em toda a colecção, sendo inclusivamente usado de forma brilhante e divertida, no conjunto de smokings que encerraram o desfile. Geniais os azuis e os vermelhos. Muito vestíveis os restantes.

Utilizar este tipo de material num casaco de smoking, parece-me para além de bonito e original, uma estratégia extremamente inteligente. Grande parte dos utilizadores que hoje compra um smoking Dolce & Gabbana, acaba por conjuga-lo com jeans, dando-lhe assim um maior leque de hipóteses de utilização. Em tartan as possibilidades de utilização enquanto peça isolada são ainda maiores.

Para além do tartan, é ainda de salientar a perícia e inteligência com que o patchwork é surpreendentemente utilizado, em camisolões, casacos, e até em calças, sendo o resultado final, peças confortáveis, extremamente actuais e muito muito contemporâneas. Arrisco mesmo dizer, que toda a carga hippie associada a esta técnica, foi totalmente anulada, tal a perícia com que foi utilizado e adaptado a cada um dos modelos. Até as peças oversize apresentadas, que eu habitualmente odeio, tinham a medida correcta. São oversize mas não escondem o corpo de quem as usas, como se um saco de batatas fosse. Igualmente deslumbrantes são os discretos blazers de tweed conjugados com os cachecois tricot oversize.

O look geral da colecção é algo que nos transmite conforto, serenidade, e alguma nostalgia sem perder no entanto o carácter urbano e cosmopolita. O mito urbano do “campo”, enquanto lugar “natural”, fonte de liberdade e bem-estar físico e psicológico está lá escarrachapadinho. Numa época negra que se avizinha mais negra (o pessimismo e agressividade foram o mote dominante em quase todas as colecções), é bom saber que podemos vestir peças quentes, bonitas e confortáveis, nem que seja para que quando formos trabalhar nas colmeias cinzentas de escritórios das nossas cidades, tenhamos a leve ilusão, que é fim de semana e vamos apanhar um comboio, que nos vai levar até um velho castelo encantado perdido algures nas Highlands.

Não gostei da música e não percebi o porquê de um remix do Rod Stewart

As fotos são do Márcio Madeira e podem ser vistas na totalidade no Men Style. O vídeo está disponível na página Dolce&Gabbana. Enjoy it.























































1 comentário:

Anónimo disse...

concordo genial esta coleccâo